Thursday, May 04, 2006

Hoje
esquecido na noite
escrevo como um pianista de dedos cansados
exorcizando anjos amargurados
sangrando penas de volúpias antigas.
Lambo a terra dos sonhos
humedeço pesadelos
e ameaço sorvê-los
com o vácuo de milhentos universos passados.
Minhas asas de gárgula empedernecem
ao cheirar a luz do sol.
Meus ossos vergam-se
sob o peso do tempo não existente
escrevo furiosamente com o pulso dormente
e as notas ameaçam desafinar.
É hábito.
Hoje
perdido nas trevas
escrevo em busca da utopia
de um dia saber encarar a luz do dia
e permitir que me acaricie
como o suave manto da noite.
Talvez hoje me lembre...

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