Saturday, April 29, 2006

A ESPADA

Incandescente
o liquído víscoso
escorre pela forma.
A água
gelada
expulsa
todas as impurezas restantes
e acalma a fúria
do calor abrasador.
O ferro
é torcido
e retorcido
pelos braços fortes
cansados
do corpo
duramente fustigado
ao longo das experiências
de uma vida...
Pequenos projécteis
lançam-se furiosos
escorregando
na parede de cabedal
que protege
o coração galopante
As queimaduras
ainda gritam
após tantos anos
mas os pulsos
já não sentem dor
pelas investidas
infinitas
do martelo empunhado.
Sopra o fole
atiçando o carvão
obrigando-o a desintegrar-se
de si
e a reintegrar-se
na essência
do metal.
"Bate! Bate!"
chora a pele
escorre o sangue
mas cai o sol
e o amanhã exige.
Noventa vezes
lhe pegou
e eis que
a espada surge
brilhante
luzente...
Afiada!
O aço?
Sublime!
O equilíbrio perfeito
O guarda-mão esculpído
Digna de um Deus da guerra

Friday, April 28, 2006

ME

Winter
bloody winter
what have you done to me?
Your cold has cut my bones
Your rage will set me free.
Winter
bloody winter
why did you freeze my love
don't you know you can take de flesh
but you can't take the soul?
Winter
bloody winter
please just keep me warm
you know that you can kill me
if you send another storm.
Winter
bloody winter
tell me what you will bring
maybe just some lightning
but I hope soon the Spring.

Thursday, April 27, 2006

A VELHA LUA NOVA...

A noite está escura
como eu
como breu
e
Vénus
brilha bem mais intensamente
para me indicar o caminho
até ti
A última vez
que te snifei
rasgaste-me a pele
e aproveitei para a despir
Nada tenho!
Nada possuo
mas ela é tua.
Serve-te!
Serve-te?
Coso-a
com saliva
e agrafo-a
com os dentes
até que seque
para que te proteja.
Sabes?
Resisto a entrar numa igreja
pois seria no topo do bolo
a
cereja
para os hipócritas
que lá
vegetam
e os agricultores pastores ovelhas que os desorientam orientam há mais do que me lembro mas sei que desde antes de Setembro passado passado também estou mas não será agora que vou
converter-me a mentiras.
Estou meio velho
não de todo
mas cansado
e é bom
ter-te a meu lado
durante o resto da viagem
pela qual anseio
mas com calma
descansaremos pelo meio e pelas pontas
destas nossas cabeças tontas que se atrevem a amar
no meio do mato junto ao mar
Está na hora de me pirar
já todos viram que voltei a delirar...
Vrrruummm!!! bip bip bip

Wednesday, April 26, 2006

Vieste do fundo do fundo dos tempos
materializar-te neste meu mundo
para desintegrar meus desalentos.
Vieste como uma frota fenícia
desembarcar em mim numa carícia
que me embala em teu fôlego quente.
Vieste cravar teus dentes no meu ombro
afogar-me em teus olhos onde me assombro
ao descobrir que és metade de mim.
Vieste do mais profundo sonho
impelida por uma força imensa
na qual não creio
mas temo que vença
Vieste?
Vieste!
Por que vieste?

Monday, April 24, 2006

Ah Bocage
poeta errante
quanta falta fazes
p'ra elucidar tanto ignorante.

Vacancy: "We need an american gardner to cut a Bush!
Only for volunteers..."

Friday, April 21, 2006

Morrer...
Renascer...
Não renasci
porque não morri.
Não morri
porque não nasci.
Não nasci
porque não fui...
Sou!
Apenas sou.
Parte de TI.
Parte de TODOS.
Parte de TUDO.
Parte do TODO.
Parte do NADA...
Sou a EXISTÊNCIA.
Sou o que sou...
Pedes-me que comente?Não sei que dizer na tristeza, não sei que dizer da alegria, não sei que dizer da beleza mas sei que detesto... a luz do dia. Vivo na Noite, para a Noite, à Noite. Vivo para beber de teus lábios com, meus ouvidos e olhos. Para encontrar na escuridão as almas que brilham... como TU . Mas comentários perdoa-me, não faço.

Thursday, April 20, 2006

Quero viver contigo
marés de fogo
e de paixões
mas se me queimas
fico queimado
até que me caem
os colhões
Quero aquecer-te
no Inferno
no Sol
esse local ermo
já me chamaram
Inverno
eu nunca fui
de meio termo
Se me agarras
não te largo
Se não fumas
dá-me um cigarro
Fumar faz mal
estou-me a cagar
Enrolo um charro
dou-lhe uma passa
estou-me a passar
Uuuuuuuiii...

Vi algo estranho acontecer
mas não foi no meu quintal
um periquito azul cantando
num pinheiro
no pinhal
"Que estás aqui a fazer?"
queria eu perguntar
Olhei p'ra baixo a gemer
na perna
o cãozinho
a trincar
Na verdade
não foi assim
Eu sobre a rocha
Tu sobre mim
e é meio feio lembrar
que o cabrão
estava a mijar
Ninguém vai acreditar
naquilo que estou a falar
mas a verdade
é bonita
pareço uma cabrita
cacarejo como uma pita
e quando eu acordar
pela escada
vou-me escavacar
e quando alguém passar
vai viticínar:
"LARGA A DROGA!"
Mas eu
não quero saber
e digo apenas:
"Vai-te foder!"
mas baixinho claro está
porque as dores
embaraçam a voz
E a vós
avós?
Estou aflito
Frito
amor...
Hoje
kero saltitar
contigo
pelo jardim
parar
para te abraçar
bem pertinho
bem
assim
Quero parar
nas esquinas
para aí
te devorar
correr
pelas avenidas
p'ra te beber
p'ra te beijar
Num sonho
que hoje tive
arranquei
o meu coração
mas sei
que ele
vive
enquanto reste
a ilusão
É estranho
mas baril
que eu salte
como uma corça
se caio
pedaços mil
pois sou frágil
se me dás força.

Wednesday, April 19, 2006

O silêncio
afia a faca
na jugular
e aprofunda
a esquizofrenia
recalcada
no fundo
do complexo R
Não é demasiado complexo
é demasiado profundo
como a faca
que faz o sangue correr
pelo peito esvaziante...
Esvaziado!
Falta o oxigénio
e esvai-se o raciocínio
revelando o declinio
da relação entre
a mente e o coração...
Mais um pouco de espera
e perde-se a quimera
há muito almejada.
Será então revelado
que na vida há uma cilada
que escondeu
sempre
a sua essência:
o sonho
não é realidade
mas essa
pura demência.

Monday, April 17, 2006

E eu não sou gárgula
tu não és ogre
deambulei pelo bairro grogue
seria o néctar?
serias tu?
De gola alta
todo nú
arrepiei
talvez do calor
Rasguei o lábio
bebi o sangue
fora do deserto tenho mais sede
Estiquei o pêlo
desfiz as tranças
o gelo do sol dá-me sono
Brindam os dentes
pelo atraso
virou o mundo
enquanto nos sacio
vi mil capelinhas
que me embebedam
mas é tão linda
a velha... não é?
Durmo!
Levanto-me
mas não acordo
bate à porta quando chegares.
Estou tão além
despojado
de quem devia estar de rastos
a meu lado
sedado
com todo o ópio puro
alguma vez extraído
dorido
pelo embate da distância apercebida
embevecida
a minha boca sob os olhos cerrados
siderados
pelo salto quântico levado a cabo
acabo
de me aperceber
que existem tantos inicios como fins
afins
são os laços que unem quem se entrega
mas se as rimas não rimam
e se a métrica não está
nunca quis saber da métrica...
só quero amá-la...
já!

Tuesday, April 04, 2006

À ARIADNE

Agora aproxima-te do precipicío
fecha os olhos,
inclina-te ligeiramente para a frente
e deixa que eu te levante,
com o meu sopro de ar quente.
Bate as asas
para trás e para a frente,
lentamente
enquanto te elevas
nos céus evaporados de sal
de outrora
é pois chegada a hora
de viver o sonho de criança
frase feita
da esperança
ser quase imortal
mas que morre no final
por último...
por fim...

Monday, April 03, 2006

ODE À HUMANIDADE

Faltam-me obscenidades
para dizer o que sinto
desta Humanidade
de ratazanas de esgoto
libertas num labirínto.
Brilham as mentes
pensam os dentes
entredentes
podres
doridos
dormentes
onde está a acção?
reacção?
Merda!!!
É mais uma geração
a foder a própria mão
...e dedinho
porque não?
Nada hoje vai mudar
nada ontem mudou
e esta puta desta vida
vai acabar como começou
na lama
na cama
na mama
Mama!
Vais-te foder
por saber
que nada mudaste
nada fizeste
nada soubeste...
VIVER!